Zé Henrique
Eu sei que é meio besta ter fobias. Mas o pavor de rodoviárias não chega a ser crônico, do tipo que faz você espumar pela boca ao entrar em uma.
O que se sente é aquele aperto no peito pelas sensações às quais a rodoviária está ligada, de chegar feliz e ansioso, de ir triste e cansado. De ir cumprir com obrigações e voltar satisfeito (ou preocupado). De ir passear e voltar cheio de histórias, metáforas sobre a vida, fábulas que encantarão aos que não estiveram lá mas estão curiosos sobre suas andanças pelo mundo. Mas é claro que por causa das infinitas experiências que nos proporciona a saudade, muitas outras sensações podem ser catalisadas numa rodoviária.
Saudade! Esta palavra que como muitos sabem só existe na língua portuguesa, é uma espécie de poema minimalista que nosso idioma oferece. Pra quem diga que ela não é poética, apenas pense se um "I miss you" consegue carregar todo o sentido complexo de se gostar à distância, sentir alegria em prestações ou de dividir a vida com quem não se vê.
Além disso tudo, o vazio da rodoviária se completa com a visão desoladora dos vadios que perambulam e dos banquinhos em que as pessoas se sentam, com todo cuidado para ficar o mais longe possível umas das outras. Quanto ao cheiro da rodoviária, este me parece ser universal. É uma mistura de mofo, fritura e perfume de alguns dos que vêm e vão.
Simbolicamente parece que as rodoviárias pertencem ao baixo escalão. Ali se agrupam pessoas comuns e incomuns (o que quer que isso seja, para o bem ou o mal). Essa associação é tão verdadeira quanto o desprezo por qualquer coisa que venha da rodoviária, sejam as cochinhas e souvenirs, sejam os estranhos que possam vir a falar com você - todos parecerão suspeitos.
Bom mesmo ia ser poder ir e vir quando se quer, aonde se quer. Mas estamos presos pela nossa necessidade de sobreviver. Nosso último consolo frente a todas essas privações é o papel, a crônica e os contos que brotam vigorosamente, recortes da verdade que fazem rir ou chorar provocando emoções que podem parecer ou desconhecer a experiência vivida na distância.
E a rodoviária continua lá, todos os dias, destilando esse espectro contido naquilo que nos torna humanos.
Eu sei que é meio besta ter fobias. Mas o pavor de rodoviárias não chega a ser crônico, do tipo que faz você espumar pela boca ao entrar em uma.
O que se sente é aquele aperto no peito pelas sensações às quais a rodoviária está ligada, de chegar feliz e ansioso, de ir triste e cansado. De ir cumprir com obrigações e voltar satisfeito (ou preocupado). De ir passear e voltar cheio de histórias, metáforas sobre a vida, fábulas que encantarão aos que não estiveram lá mas estão curiosos sobre suas andanças pelo mundo. Mas é claro que por causa das infinitas experiências que nos proporciona a saudade, muitas outras sensações podem ser catalisadas numa rodoviária.
Saudade! Esta palavra que como muitos sabem só existe na língua portuguesa, é uma espécie de poema minimalista que nosso idioma oferece. Pra quem diga que ela não é poética, apenas pense se um "I miss you" consegue carregar todo o sentido complexo de se gostar à distância, sentir alegria em prestações ou de dividir a vida com quem não se vê.
Além disso tudo, o vazio da rodoviária se completa com a visão desoladora dos vadios que perambulam e dos banquinhos em que as pessoas se sentam, com todo cuidado para ficar o mais longe possível umas das outras. Quanto ao cheiro da rodoviária, este me parece ser universal. É uma mistura de mofo, fritura e perfume de alguns dos que vêm e vão.
Simbolicamente parece que as rodoviárias pertencem ao baixo escalão. Ali se agrupam pessoas comuns e incomuns (o que quer que isso seja, para o bem ou o mal). Essa associação é tão verdadeira quanto o desprezo por qualquer coisa que venha da rodoviária, sejam as cochinhas e souvenirs, sejam os estranhos que possam vir a falar com você - todos parecerão suspeitos.
Bom mesmo ia ser poder ir e vir quando se quer, aonde se quer. Mas estamos presos pela nossa necessidade de sobreviver. Nosso último consolo frente a todas essas privações é o papel, a crônica e os contos que brotam vigorosamente, recortes da verdade que fazem rir ou chorar provocando emoções que podem parecer ou desconhecer a experiência vivida na distância.
E a rodoviária continua lá, todos os dias, destilando esse espectro contido naquilo que nos torna humanos.
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