quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Brados retumbantes

Marcelo Coelho

*

Escolas públicas e particulares de todo o Brasil estão obrigadas a tocar o Hino Nacional ao menos uma vez por semana. A lei foi sancionada pelo vice-presidente José Alencar e vale para todos os anos do ensino fundamental.

Minha reação a coisas desse tipo mistura muita desconfiança com uma pequena dose de culpa. Na época do ginásio, isto é, entre os 11 e os 14 anos, vivi o auge do período Médici. Enquanto conhecidos da minha família eram presos e torturados, a ideologia do "Brasil Grande" estava a todo vapor.

O sesquicentenário da Independência, em 1972, foi uma vasta operação de verde-amarelismo. Um professor de geografia, defensor da ditadura e da Transamazônica, vibrava com a data. Foi a única vez, pelo que me lembro, que assisti a um solene hasteamento da bandeira.

Poucos de nós sabíamos cantar o Hino Nacional, e os que sabiam cantavam-no a meia-voz; atitude suficiente para ouvirmos, em posição de sentido, uma bronca federal do tal professor, que estreava o novo alto-falante instalado no pátio do recreio.

Para muitas pessoas da minha geração, a ideia de tocar o Hino Nacional na escola fica assim ligada fortemente, desculpem o termo, à mais completa babaquice.

Pode ser uma visão distorcida de minha parte. Como todo símbolo, o Hino Nacional pode ter trazer muitas associações contraditórias. Representava o militarismo da ditadura; ao mesmo tempo, era cantado pelos estudantes nas passeatas contra a mesma ditadura.

Hoje em dia, podemos ouvi-lo no enterro de um grande homem ou nas galerias do Congresso, quando alguns políticos sem emprego comemoraram a aprovação da PEC dos vereadores.

Uma coisa é certa: com o Hino Nacional não se brinca. Nada ofende tanto um brasileiro quanto ouvir o hino errado em algum evento esportivo no exterior.

É bastante ambígua nossa atitude com relação à pátria. Gostamos de ver o Brasil conhecido lá fora, mas o espírito da patriotada, afinal de contas tão comum nos Estados Unidos, por exemplo, parece-nos quase uma falta de educação.

Pois bem, acho que essa mentalidade está mudando. O crescimento econômico dos últimos anos e a melhoria nos padrões de bem-estar da população talvez tenham o efeito de nos conduzir um pouco de volta aos otimismos do período Médici.

Tivemos, naquela época, o Mar de Duzentas Milhas; agora é o pré-sal.

Desde Getúlio Vargas a Petrobras não tinha tamanha evidência -e o bombardeio publicitário a favor da estatal não conhece limites.

E, é claro, o papel do Brasil mudou no cenário internacional. Quem acompanha a coluna de Nelson de Sá, aqui na Folha, encontra todo dia referências boas ao Brasil na imprensa estrangeira.

Com notícias desse tipo, cantar as margens do Ipiranga e seus brados retumbantes tende a ficar menos ridículo do que nos tempos de Collor ou de Sarney.

Serão boas notícias? Eu deveria dizer que sim, mas não consigo; não completamente. O Brasil sempre foi um país "simpático" e "pacífico" porque quase nunca se meteu em encrencas internacionais. A conversa de que temos "novas responsabilidades internacionais" me deixa de cabelo em pé. Para obter assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, o país se alia à escória dos piores ditadores do planeta.

E lá vamos nós ao mercado de armas, gastando fortunas em aviões de caça e projetando submarinos nucleares. As negociações com a França têm sido questionadas, como se sabe. Mas ninguém questiona a necessidade de novas armas.

Não sou tão angelical a ponto de preferir um país totalmente desmilitarizado. Mas sei que, em tese, todo armamento, mesmo nuclear, é sempre chamado de "defensivo" pelo país que o constrói ou compra.

Como qualquer outra coisa, isso vicia: nenhuma potência militar nasceu de uma hora para outra, e se perguntarem para a maioria dos cidadãos de um país se a guerra é uma boa coisa, a resposta será negativa -até o momento em que todos saiam às ruas marchando, bandeiras desfraldadas, hinos a plenos pulmões.

Não teremos nunca a bomba atômica, garante Lula depois de afagar o presidente iraniano. Mas não é que o vice José Alencar começa a dizer que esse tipo de armamento pode ser interessante?

Certamente, é assim que um país passa a ser considerado "um país sério". Qualquer hora teremos saudades do tempo em que não era.

(Folha de São Paulo, 30/09/2009)

3º Encontro Científico e Tecnológico do Paraná

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) estará sediando, no período de 07 a 09 de Outubro de 2009 em Maringá, o 3º Encontro Científico e Tecnológico do Paraná (3º ECT Seti).

Dois dedos de conversa

João Pereira Coutinho *

A revista virtual "Slate" analisou há tempos um fenômeno que me intriga há séculos. Apertos de mão. Nenhuma metáfora: falo mesmo do momento banal em que duas pessoas se encontram, estendem as respectivas mãos e apertam-nas como sinal de reconhecimento social.

Para a revista, a arte está em declínio, e não necessariamente por culpa da gripe A. Está em declínio porque em declínio estão os cultores rigorosos do aperto. Posso confirmar o diagnóstico. Todos os dias, nas minhas aventuras citadinas, a evidência estende-se literalmente à minha frente. Alguém oferece a mão. Eu ofereço a minha.

E, quando o aperto se dá, tenho a desagradável sensação de que agarro um órgão mole e amorfo, muito parecido com um pênis em estado flácido. A sensação de repugnância é extrema, e a minha vontade é fugir dali: no aperto de uma mão, revela-se um caráter. A maioria dos meus interlocutores não tem caráter nenhum. E o oposto também acontece: gente que não aperta, mas esmaga os ossos do parceiro. Como se um cumprimento fosse o pretexto ideal para descarregar toda a insegurança de uma vida.

O equilíbrio perfeito de que fala a "Slate", aquele cumprimento firme, gentil, sempre reforçado pelo contato visual direto, isso acabou. As pessoas apertam com muita força ou com nenhuma força. Por vezes, nem sequer apertam a mão toda; só os dedos. E raramente fitam o outro olhos nos olhos.

Mas a crise das mãos não está apenas no aperto. Está sobretudo na caligrafia. Sou professor há vários anos e testemunho a evolução estilística do fenômeno: estamos a regressar à caverna, e a pintura rupestre ameaça substituir séculos de refinamento visual.

São raros os exames legíveis. Pior: cresce o número de alunos que, chamados ao gabinete, têm de ler em voz alta os textos que escreveram. Por vezes, nem eles próprios reconhecem o que escreveram, como se a própria letra fosse um elemento estranho. Todos, ou quase todos, preferem escrever no computador e entregar trabalhos na única caligrafia que estimam. Não a caligrafia do João, da Maria ou do Francisco. Mas a caligrafia do sr. Times New Roman. Como explicar a crise das mãos?

Não pretendo vestir o traje de ludita moderno e apontar o dedo à tecnologia reinante. A história da técnica é o cemitério dos luditas. Ou o anedotário deles: hoje, lemos as sentenças apocalípticas que se disseram sobre o telégrafo, a lâmpada elétrica, o telefone ou a televisão e sorrimos com o sentido de superioridade que define a nossa arrogância.

Mas também é impossível negar completamente que a tecnologia reinante tornou as mãos, como instrumentos tangíveis de reconhecimento ou comunicação entre seres humanos, largamente dispensáveis.

Uma sucessão de redes sociais permite que as pessoas se "conheçam", se "falem", e até se "cumprimentem", sem sentirem verdadeiramente que está um ser humano do outro lado. Ninguém aprende a apertar mãos porque, desde logo, não existem mãos para apertar.

E as teclas de um computador explicam o resto: a caligrafia, um exercício demorado que exigia concentração e disciplina, é vista hoje como perda de tempo quando o computador garante rapidez e eficácia.

Esse dogma esquece uma desconfortável verdade: escrever à mão era também pensar com as mãos. Pensar ao ritmo dos seus movimentos e desenhar palavras com a prudência e a precisão de quem não pode apagar tudo e começar tudo de novo. Escrever era inscrever. Uma aproximação à eternidade. Isso significa que estou pessimista sobre o futuro? Nem pessimista nem o contrário: o futuro, como dizem os ateus, a Deus pertence.

Pessoalmente, eu só conheço o passado: há 5 milhões de anos, os australopithecus desceram das árvores, experimentaram o bipedismo e libertaram as mãos. Nascia o Homo habilis, capaz de fabricar instrumentos, de os agarrar e, com eles, de caçar nas savanas. Estava aberto o caminho para que o Homo erectus, finalmente, descobrisse o fogo. E, com o fogo, a civilização. Cinco milhões de anos depois, desconfio de que o meio em que vivemos será tão importante como foi no passado para o desenvolvimento físico e intelectual dos homens de amanhã. Não digo com isso que o futuro será dos manetas. Mas não excluo que as mãos entrarão em atrofia e que dois dedos cheguem para a conversa.

* Filósofo, escritor e colunista da Folha.

(Folha de São Paulo, 29/09/2009)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Assembléia geral para aprovação do estatuto do CANAC

Nesta quinta-feira (01/10), às 19h, na sala 209 do Bloco G-56, acontecerá a assembléia geral para aprovação do estatuto do CANAC. Hoje nosso centro acadêmico não possui estatuto e um dos compromissos de campanha da gestão Águas de Março era resolver essa situação. Esperamos a presença de todos para este importante momento.

Peça que retrata a história política do Brasil será apresentada nesta terça em Maringá

“Cantar e Viver o Brasil”
Nesta terça-feira (29), às 20h, no Cine Teatro Plaza (Travessa Guilherme de Almeida, 144 – Centro).
Entrada: 1 kg de alimento não-perecível.

Escrito pelo curitibano Edson Bueno, a peça começa com sete jovens preparando um trabalho sobre a história brasileira, que é retratada através de músicas de artistas de diversos gêneros e períodos, desde o samba de Noel Rosa, passando pela MPB de Chico Buarque e Caetano Veloso, pelo rock de Renato Russo e Cazuza chegando até o rock atual de Pitty e o pop do Jota Quest.

As músicas são interpretadas pelos próprios atores, que têm o acompanhamento de quatro músicos no próprio palco. Em um cenário montado com desníveis, poltronas, escadas e dois computadores, o tecladista e o baterista ficam no alto, um em cada extremo, e, no chão, estão o guitarrista e o baterista. Entre eles, os atores encenam e cantam, com direito a uma entrada de patins no palco, feita por um dos atores. “Temos uma preocupação muito grande com a qualidade artística e musical do espetáculo”, explica o produtor executivo Marcelo Defante.

Mais informações em O Diário.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Concerto ao ½ dia

O DMU (Departamento de música da UEM), o CAMUS (Centro Acadêmico de Música) e o LAPPSO (Laboratório de Pesquisa e Produção Sonora) convidam todos ao Concerto ao ½ dia desta quinta-feira (01/11), no bloco 008 - DMU, com apresentações de Wellington Alves (flauta transversal) e Davi Rocha (violão de 8 cordas).

DCE UEM organiza o I Fórum de Assistência Estudantil

domingo, 27 de setembro de 2009

Truco!

"Apesar da pouca adesão dos alunos, especialmente os calouros, o evento foi um sucesso pela participação dos que estavam presentes. Não é pelo jogo em si, mas pela confraternização e socialização que, de fato, falta ao nosso curso. Fica aqui o lamento e ao mesmo tempo o sentimento de dever cumprido: de que essa gestão do centro acadêmico está realizando com sucesso o que pretendia, promover a integração entre todos os discentes. Nos próximos eventos esperamos participação maior de todos, afinal o homem é um animal político, social e cultural, portanto o individualismo aqui não rola. Ah, e vão treinando porque ano que vem tem mais e tirar o caneco deste que aqui escreve não vai ser nada fácil!!!" (Rui Sousa).

Imagens da Copa História de Truco, realizada na tarde de sábado no bar Manhattan:

sábado, 26 de setembro de 2009

CANAC gestão Águas de Março presta contas aos estudantes

Na noite de sexta-feira, no bloco G-56, a gestão Águas de Março apresentou a relação de tudo que foi gasto e arrecadado pelo CANAC desde maio, quando a atual direção assumiu, até a presente data.

Professor do DHI pode ser candidato a deputado federal

Está no Blog do Rigon:

Ex-reitor da UEM, o professor Angelo Priori recebeu convite para deixar o Partido Verde. Seu novo destino pode ser o PT de Maringá, onde viria a disputar uma vaga de deputado federal.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Prestação de contas - maio a setembro/2009

Ontem aconteceu a prestação de contas do CANAC. Para aqueles que não puderam comparecer, aí está:

Prestação de contas,

Gestão Águas de Março - CANAC

Mês 05/2009

Aluguel copiadora mil cópias

Sobra da gestão anterior

589,00

200,00


Troca lâmpadas no CANAC

35,00

21/05/2009

Formatação do computador do CA

80,00

Mês 06/2009

Aluguel copiadora mil cópias

872,00

05/06/2009

Material utilizado para reforma do CA

Lanche para que estava ajudando

44, 50

20,00

06/09/2009

Teclado

24,99

17/06/2009

Xerox cartazes para divulgação

4,50

18/06/2009

Flayer´s da festa

260,00

22/06/2009

Doces para a festa

Decoração da festa

68,00

22,00

25/06/2009

Pipoca para a festa

13,67


Artigos para a festa

129,08

26/06/2009

Material para o correio elegante

11,70


Bebidas (refrigerante e cerveja)

705,40


Papel para confecção de fichas

25,00


Carimbo

12,00


Artigos para a festa (leite, arroz)

19,88


Copos com tampa

Colher

Papel higiênico

Pratos de papelão

Fita adesiva

Açúcar 5kg

60,00


Copias da chave do CANAC

6,00

27/06/2009

Impressão das fichas

12,00


Artigos para a festa (leite)

11,28


Artigos para festa

29,89


Pão de cachorrão

135,00


Dj para festa

300,00


Aluguel da chácara

350,00

Mês 09/09



18/09/2009

Banner CANAC

25,00

Setembro/2009

Gasolina, carro da Fran, moto da Monique

60,00


Total créditos

1661,00


Total débitos

2464,89


Lucros da festa

350,00


Total em caixa em 25/09/09

500,00


Previsão para 09/09 e 10/09

840,00


Total

1340,00

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

IV Congresso Internacional de História

Realizado entre os dias 9 e 11 de setembro de 2009, reuniu alguns dos mais renomados pesquisadores da área, com conferências internacionais, minicursos, apresentações de trabalho (comunicações orais e painéis) e mesas-redondas.

Mais informações e fotos do Congresso no site do DHI.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Prestação de contas do CANAC

Conforme o compromisso assumido em campanha, o CANAC gestão Águas de Março fará a prestação de contas nesta sexta-feira (25/09), às 19 horas, na sala 211 do bloco G-56.

Todos os estudantes do curso estão convidados a participar.

CANAC na comissão eleitoral da eleição do DCE

No último sábado (19/09), o CEEB (Conselho de Entidades Estudantis de Base), organizado pelo DCE, discutiu e votou questões referentes à próxima eleição do Diretório. Os centros acadêmicos presentes decidiram pela utilização de urnas eletrônicas na eleição, a ser realizada entre os dias 23 a 27 de novembro.

Também foram escolhidos os CA´s que irão compor a comissão eleitoral. Cinco cursos foram eleitos: História, Direito, Medicina, Geografia e Ciências Econômicas.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Copa História de Truco

A Copa História de Truco será realizada no próximo sábado (26/09), às 14 horas no Manhattan, e as inscrições podem ser feitas até sexta-feira no xerox do CANAC.

Arraiá de História


O primeiro grande evento organizado pela gestão Águas de Março foi o arraiá, que contou com a presença de bom público. A festa foi animada, como podemos ver nas fotos:

Posse da gestão Águas de Março

A atual gestão Águas de Março assumiu a direção do CANAC no dia 14 de maio de 2009.

Algumas fotos da confraternização no dia da posse:

Bem vindos ao blog do CANAC!

Está no ar o blog do Centro Acadêmico Nadir Aparecida Cancian, que representa os estudantes do curso de História da Universidade Estadual de Maringá.

Informações referentes ao Centro Acadêmico, sobre o curso e a universidade em geral, além de outras curiosidades, você encontra aqui. Fiquem a vontade para comentar.

Bem vindos e boa leitura!